Projeta-se a sombra
inquietante e soturna
no semblante ferido
de sua alma agoniada;
aninha-se furtiva nos
pólos norte e sul de seu cérebro entorpecido
pela luxúria e pelos
pecados que sua vida recobrem.
A dor a qual se entrega
lhe traz prazer e alegria a sua mente lamuriosa,
escarnecendo-se de
sua fraqueza,
ao mesmo tempo humana
e divina.
Faz-se carne apodrecida
nos cantos de alguma praça,
doutor de seus próprios
ensinamentos,
de suas convicções
anacrônicas, fétidas e amargas
como o fel que
escorre de sua boca ao pronunciar seus discursos;
palavras soltas ao
vento, carregadas de seus propósitos macabros.
Faz da noite uma
amiga e confidente,
das amarguras que
tenta e consegue infringir no coração dos fracos.
Pela discórdia se faz
altivo,
vangloriando-se do
monstro que cultiva em seu ser.
Por que sofre e faz
sofrer,
se a mácula de seus
dias passados
é eterno estigma de
seus dias vindouros?
Se a destruição das
vidas alheias lhe é tão prazeroso,
por que não vive a
sua própria sobre os crânios de suas vítimas,
ao invés de chorar lágrimas
de vidro no vazio de seu quarto?
Se mata aquele que
elegera seu inimigo,
por que não se
banqueteia de sua carne e não se farta de seu sangue?
É o falso antagonismo
de caráter que lhe traz tamanha credulidade?
Antagônico.
O azul do céu em
contraponto à terra ressequida do deserto é uma analogia perfeita:
em seus olhos a
doçura cativante dos anjos;
em suas mãos o sangue
dos justos e não justos.
Aqueles que com você
caminham
são os mesmos que têm
à mesa com você o último cálice;
o arsênico desce-lhes
a garganta, quente e corrosivo,
como sua saliva satânica.
Afasta de mim o seu cálice
imundo;
durma nos montes a
oeste de minha tenda enquanto monto guarda.
Não quero a sua
companhia.
Haverá o dia em que o
seu sorriso,
corrompido pela sua
vida desregrada,
de opulências e
futilidades,
de dor e de agonia,
não mais tocará o
coração dos fracos.
Mais uma vez tentanto e mais uma vez, provavelmente fazendo algo meio porco, no melhor sentido da palavra, afinal, poemas, poesias e afins não são mesmo o meu forte.
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